segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas.

Mário Quintana 



terça-feira, 15 de agosto de 2017

"Eu escolho um homem que não duvide da minha coragem,
que não me acredite inocente,
que tenha a coragem de me tratar como uma mulher."

Anais Nin


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

(Dizem que a Primavera chega trocando a roupa da paisagem). E no auge da sua descrença o dia amanheceu de novo. Quando não queria mais fugir de si mesma, foi surpreendida por uma voz de timbre limpo, olhos atenciosos e mãos que diziam coisas. Era alguém que tranqüilizava quando apenas sorria. Uma pessoa que trazia em si o amparo de tudo. Tinha o dom da conveniência e da clareza e pronunciava reciprocidade.

O fato resumindo é que o amor não era mais aquele estardalhaço. O amor era suave e tinha um jeito de penetrar sem invadir, de libertar no abraço. O amor não era mais aquela insônia, mas sonho bom na entrega ao desconhecido. O amor não era mais a iminência de um conflito, mas uma confiança na vida. E, pela primeira vez, o amor não carregava resquícios de abandono, pois havia descoberto: o amor estava ali porque ambos estavam prontos.
(O Tempo estava certo.)

Uma nova estação - Marla de Queiroz


Há três espécies de mulheres neste mundo: a mulher que se admira, a mulher que se deseja e a mulher que se ama. A beleza, o espírito, a graça, os dotes da alma e do corpo geram a admiração. Certas formas, certo ar voluptuoso, criam o desejo. O que produz o amor, não se sabe; é tudo isto às vezes; é mais do que isto, não é nada disto. Não sei o que é; mas sei que se pode admirar uma mulher sem a desejar, que se pode desejar sem a amar. O amor não está definido, nem o pode ser nunca. O amor verdadeiro...

Almeida Garrett


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Encontrar você por essas ruas tão erradas, foi como sair do piloto automatico e começar a dirigir minha vida novamente. Aquele peito feito de pedra, de repente virou algodão. Algodão doce.

Minha vontade era gritar até que você me ouvisse em seu mundo, era pra ser como eu sonhei a vida inteira. E foi. Foi mais, porque foi no momento em que eu não esperava mais nada de ninguém. E você estava lá, me mostrando muito mais que toda a perfeição em si que eu enchergava, me mostrava mais que os meus olhos podiam ver.

Um dia. E eu já sabia que você podia transformar minha vida.

Uma semana. E eu já daria uma vida pra viver ao seu lado.

Seja como for, com o tempo que for.

É com você que eu sonhei a vida inteira. Vida com gosto de algodão doce.

(Clarice Lispector)


quarta-feira, 2 de agosto de 2017


Ética: Valores que definem o que:
• Quero
• Posso
• Devo

Porque nem tudo que eu quero eu posso,
Nem tudo que eu posso eu devo e
Nem tudo que eu devo eu quero!!!

Thayane Almeida de Queiroz


terça-feira, 1 de agosto de 2017

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se está  de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.

Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.

Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.

Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

(Clarice Lispector)




Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.

Khalil Gibran