sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O que dói não são as roturas, o afastamento,
a incapacidade a minar como um cancro
oculto e certeiro.
O que dói não é a pouca solidez com que se disse
esta ou aquela palavra, esta ou aquela frase;
com que se insistiu, apesar de receios vários,
na grotesca encenação do que se previa
muito aquém de qualquer futuro.
O que dói não é a viscosidade das emoções a grafar-se
em algum mapa antecipadamente condenado,
nem tão-pouco a insistência de uma insolúvel
lembrança a fugir.
O que dói verdadeiramente
é acordarmos um dia e descobrirmos
que nada disso teve importância alguma.
Victor Oliveira Mateus


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