sábado, 27 de fevereiro de 2016

Que nunca os ouvidos se cansem do suspiro, porque é apenas por ele que para a vida me atiro.
Que todos entendam o valor do gemido, que todos sucumbam sob o poder do pedido – e que eu seja o que ama mesmo depois de vencido.
E que nenhuma mão desista de dar, e que nenhuma voz desista de acordar – e que eu seja o demente que fica feliz só por poder andar.
E que nenhuma palavra se diga para magoar, e que nenhum grito se dê para ferir – e que eu seja o que mesmo desgraçado consegue sorrir.
Que ninguém ande por andar, que ninguém desista de querer amar – e que eu seja o que abdica de tudo menos de arriscar.
Que ninguém se entregue sem tudo se entregar, que ninguém pare sem pelo menos tentar – e que eu exija fazer o que um dia ousei sonhar.
E que nenhuma mulher se deite por dever, e que nenhum homem se ame só por nada mais ter – e que eu seja o que faz do orgasmo uma forma de viver.
Que nunca se pense que o prazer é pecado, que nunca se queira ir a menos do que todo o lado – e que eu seja o que faz do “estou-me a vir” o seu fado.
Que nunca os ouvidos se cansem do suspiro, porque é apenas por ele que para a vida me atiro.
Pedro Chagas Freitas


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