domingo, 25 de abril de 2021


Adeus

É um adeus ... 
Não vale a pena sofismar a hora!

É tarde nos meus olhos e nos teus ...

Agora, 
O remédio é partir discretamente

Sem palavras, 
Sem lágrimas, 
Sem gestos.

De que servem lamentos e protestos 
Contra o destino? 
Cego assassino 
A que nenhum poder 
Limita a crueldade.

Só o pode vencer a humanidade 
da nossa lucidez desencantada.

Antes da iniquidade 
Consumada, 
um poema de líquido pudor, 
um sorriso de amor, 
e mais nada.

Miguel Torga

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